Katie Melua

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

33 anos




Hoje acordei e vi que a minha vida nada era do que eu um dia sonhara….. e a de alguém é, perguntei. Fiquei sem resposta, os sonhos crescem connosco, evoluem, mas os meus ainda são os de criança. Cresci depressa demais e não deixei que os meus sonhos crescessem comigo. Ficaram pequeninos à medida da minha meninice, e hoje não tenho nada. Deixei que um amor podre governasse a minha vida, deixei que alguém que não merecia fosse grande demais. Foram anos quase metade da minha vida, agarrada ao que nunca existiu se não na minha cabeça, na minha patética fantasia de criança.

Desejei fazer de Agosto um mês feliz, o mês que me viu chegar ao mundo, e parece que todos os meus erros nele se encontram, talvez até ter nascido tenha sido um erro, o maior, o mais grave mas o único que não foi meu. Foi em Agosto que larguei uma vida que tinha construído e que a deitei no lixo, com desprezo por mim mas com um amor desmesurado por alguém que nunca o mereceu. Foi em Agosto que recebi a carta mais dolorosa mas que na altura senti com doçura, foi em Agosto tudo, nesse mês que me amaldiçoa…. Foi em Agosto que me casei com alguém que eu não amava, mas que acolhi em busca de um sonho, tentei mas quando não há amor nada se consegue.

Talvez seja eu o problema, talvez sonhe demais, pense demais, sinta demais, talvez eu seja demais para mim própria e mais ainda para os outros. Talvez eu tenha fechado todas as portas e janelas e agora que as abri me assuste e viva apavorada. Só sei que hoje não tenho nada, e que me culpo constantemente por nada ter. Que carrego essa culpa nos meus ombros, mas que também com ela já não sei viver. Talvez me apeteça fugir, embora saiba não ser essa a solução. Mas porquê não começar de novo num outro lugar, longe daqui? Porque não? Porque não tenho coragem, porque a novidade me assusta e o desconhecido mais ainda.

Vou fazer 33 anos, e mais uma vez só queria estar longe daqui, num outro lugar e ter coragem, não ter medo de recomeçar. Mas o que mais me dói é não ter mais sonhos, ter apenas aqueles que sei não poder alcançar, porque os que posso concretizar me assustam mais que continuar a iludir-me com o que não posso ter.

Não quero pena, nem compaixão, quero amizade, companheirismo, compreensão. Quero partilhar, sentir, amar…. quero uma vida nova, recuperar o que perdi, o tempo não volta atrás, mas posso melhorar o que ai vem. Não sei como, mas sei porquê.