Katie Melua

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ainda sem título... O Final

… noticias que foram chegando espaçadas… Mas desta vez a tua partida tinha deixado atrás de ti um rasto que perdura, um pedaço de ti que me acompanha e me faz recordar-te todos os dias, a todas as horas, a minha única razão de viver, um filho!


A semente de uma vida melhor e diferente, um rejubilar que se ancorou em mim para todo o sempre, a única coisa de que nunca me arrependo. Escrevi-te assim que soube onde estavas e não te contei, não queria que essa fosse a única razão para voltares. Esperei pacientemente noticias tuas que chegavam a conta gotas. O tempo foi passando o verão chegou imponente e com ele Agosto, nasceu o nosso filho.

O tempo passou ele era o rejubilar reluzente a tua cara, os teus olhos azul cinza, o teu sorriso… Renasci das cinzas ganhei uma razão para viver, mas dias havia em que mergulhava na tristeza de já não me sentir mulher apenas mãe. Eras tu, sempre tu a tua memória a castigar-me o dia a dia. Quem poderia amar assim quem não nos ama, e repetia, para mim mesma, razões para parar com essa insensatez, mas eu sentia! Sentia que me amavas de cada vez que te falava, em cada carta, em cada telefonema… tinha ao menos essa certeza e nem me importava que mais parecesse mentira.

Um dia chegaste sem saber o que irias encontrar, nunca te o tinha contado. Perturbou-te saber que tinhas um filho, ficaste magoado por te o ter escondido por tanto tempo, a tua ausência durou mais de 2 anos. Mesmo assim não me pediste explicações, voltaste da mesma forma natural e inabalável, com a mesma certeza com que partiste. Seria eu um porto? O único onde poderias atracar sem perguntas, sempre que quisesses?

Nunca me cansei de ti… só que hoje não sei que te diria se voltasses, queria ter coragem para fechar a porta, não entendo, nunca entendi a razão para que a nossa ligação seja tão forte. Apetece-me seguir em frente, tenho todas as razões para fazê-lo, mas continuo ancorada neste porto, à espera que regresses nem sei bem de onde, que venhas envolto de mistério para me abraçares. Parte de mim quer partir, outra parte anseia ficar…

Amo dois mundos, o que deixas para trás e o que levas contigo e abalroas de cada vez que partes. Esse mesmo mundo que eu mesma reedifico uma e outra vez, numa ânsia tola de que talvez desta vez ele sobreviva.

Hoje se voltares, quando voltares, apetecia-me ter a coragem de fechar definitivamente a porta para poder viver uma outra vida que não esta, mas parte de mim sabe que quase, quase me apetece dizer: Vem e fica!