Katie Melua

domingo, 18 de abril de 2010

Hoje chorei por mim...


Estou numa fase difícil da minha vida, estou a refazer-me, a tentar juntar os cacos, a reinventar-me todos os dias. Não deixei de sorrir, mas é um falso sorriso que serve para esconder o que carrego amargamente no peito, é como se desempenhasse um papel que me ajuda a passar pelos dias de uma forma mais leve e menos penosa.

Estou a tentar, reerguer-me, da cinzas e à procura o meu lugar, a tentar recuperar os sonhos, quem sabe novos sonhos, que os velhos morreram prematuramente de morte súbita e inesperada. Não é fácil apagar as memórias, não é fácil esquecer uma pessoa que se amou, com quem se pensava construir uma vida, não é fácil lidar com a decepção, porque não é fácil pensar que se amou uma pessoa que não existia, que afinal não era nada daquilo que pensávamos ser, mas acreditei e é difícil deixar de acreditar só porque nos dizem que acabou.

Sou mais forte que isto, sou maior que isto, eu sei, mas não deixo de sofrer nem de me angustiar dia após dia. E o tempo que costuma ajudar, pelo contrário, até parece que quanto mais tempo passa, mais se intensificam as recordações, as saudades e as dúvidas. Quanto mais tempo passa, quanto mais penso mais me custa acreditar no que aconteceu, mas por outro lado quanto mais tempo passa mais me convenço, talvez porque seja mais fácil, que ele nunca me amou. É quase como se tentasse converter o amor que sinto em ódio, e até isto me desespera, porque eu não quero odiar apenas quero não sentir nada.

Hoje salvaram-me as lágrimas e, pela primeira vez fui capaz de chorar, por mim, não por pena, apenas porque precisava chorar, e chorar aliviou o nó na garganta e a angustia que trazia no peito. Mas as lágrimas agora secaram novamente, e tento encontrar a remissão por ter permitido que me magoassem por me ter permitido o luxo de acreditar que era possível realizar um sonho, e acreditei tanto, acreditei demais. Mas eu não sei viver de outra forma, apesar do tanto que me faço sofrer.

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