Katie Melua

domingo, 18 de abril de 2010

...

Acredito no Amor, como sendo um sentimento nobre grandiosos, mas também egoísta, acredito que seja capaz de demover montanhas, de derrubar e erguer muros, de construir e destruir mundos. Só não acredito nos sentimentos dos outros, nos teus. Não acredito na sua veracidade, na sua honestidade, no seu poder. Acredito no Amor como o mais poderoso dos sentimentos, mas não acredito no amor dos outros, na sua grandeza. O amor não se desvanece, não cessa, não acaba num ápice, não morre de morte súbita se for amor. Nunca foi Amor. Senti algo da tua parte mas não era Amor.

O amor tem a grandeza de lutar, de se defender, coexiste com as dificuldades e sobrevive. O Amor é único, capaz de durar a vida inteira, capaz de mudar o mais relutante dos Homens, capaz de enfrentar dificuldades mas quando não há amor não vale a pena lutar, nem tentar sequer, nada não vale a pena. Não vale a pena  uma luta, nem a mais pequena, muito menos a mais longa batalha que é tentar uma vida a dois… E tu não queres lutas.

Por isso nunca me amaste, gostaste de mim, servi para aquele momento, preenchi um espaço que estava vazio, servi o meu propósito, acontece. Mas o que não deve acontecer é levar as coisas longe demais, tão longe que a dor que causa não vale sequer o propósito que a tua passagem pela minha vida tenha tido. 

Não se deve criar ilusões nos outros, fazê-los acreditar que é possível, que até é isso que queremos. Fazê-los acreditar que até são amados, que queremos ficar do seu lado, eu não merecia que me fizesses acreditar tanto em algo que não era verdade, porque se fosse amor não acabava assim, desfeito, porque não queres mais lutas…

Hoje chorei por mim...


Estou numa fase difícil da minha vida, estou a refazer-me, a tentar juntar os cacos, a reinventar-me todos os dias. Não deixei de sorrir, mas é um falso sorriso que serve para esconder o que carrego amargamente no peito, é como se desempenhasse um papel que me ajuda a passar pelos dias de uma forma mais leve e menos penosa.

Estou a tentar, reerguer-me, da cinzas e à procura o meu lugar, a tentar recuperar os sonhos, quem sabe novos sonhos, que os velhos morreram prematuramente de morte súbita e inesperada. Não é fácil apagar as memórias, não é fácil esquecer uma pessoa que se amou, com quem se pensava construir uma vida, não é fácil lidar com a decepção, porque não é fácil pensar que se amou uma pessoa que não existia, que afinal não era nada daquilo que pensávamos ser, mas acreditei e é difícil deixar de acreditar só porque nos dizem que acabou.

Sou mais forte que isto, sou maior que isto, eu sei, mas não deixo de sofrer nem de me angustiar dia após dia. E o tempo que costuma ajudar, pelo contrário, até parece que quanto mais tempo passa, mais se intensificam as recordações, as saudades e as dúvidas. Quanto mais tempo passa, quanto mais penso mais me custa acreditar no que aconteceu, mas por outro lado quanto mais tempo passa mais me convenço, talvez porque seja mais fácil, que ele nunca me amou. É quase como se tentasse converter o amor que sinto em ódio, e até isto me desespera, porque eu não quero odiar apenas quero não sentir nada.

Hoje salvaram-me as lágrimas e, pela primeira vez fui capaz de chorar, por mim, não por pena, apenas porque precisava chorar, e chorar aliviou o nó na garganta e a angustia que trazia no peito. Mas as lágrimas agora secaram novamente, e tento encontrar a remissão por ter permitido que me magoassem por me ter permitido o luxo de acreditar que era possível realizar um sonho, e acreditei tanto, acreditei demais. Mas eu não sei viver de outra forma, apesar do tanto que me faço sofrer.

sábado, 17 de abril de 2010

Dualidades (Pedra e Água)

O sono abandonou-me, deixando-me desperta noite fora. O vazio da cama parece um oceano revolto, profundo, onde me afogo em pensamentos que me roubam o sono. Fecho os olhos e as imagens disparam a uma velocidade alucinante. São memórias de dias felizes que terminam sempre naquela mesma tarde em que dissipaste todos os meus sonhos com uma simples frase “não sinto nada”.

A indiferença, como se amar fosse um negócio, e uma vida a dois, um apêndice da vida, que se corta, porque não faz falta, porque já serviu e hoje já não serve. Subi tão alto que a queda foi maior, quis voar sem asas, acreditei em ti, na tua certeza, na tua determinação, no teu amor, e afinal era tão frágil, tão pequenino, tão subtil. Não houve nem tempestade, nem tormenta, o fim nunca se anunciou, simplesmente aconteceu. Num dia fazias juras de amor no outro … não sei, não percebi, não vi o que aconteceu. E mesmo hoje, olhando para trás ainda não vejo, ainda não entendo.

Depois flutuam na minha cabeça um turbilhão desencontrado de sentimentos confusos, que se enrolam num emaranhado, fazendo um nó que não sei desatar. Só uma imagem perdura, quando os momentos felizes se dispersam, nunca me amaste. E dói, dói tanto pensar que fui tão cega que não vi, que senti o que nunca existiu, se existisse amor não partias sem razão, sim porque dizes não saberes a razão. És um desistente, como tu mesmo disseste não queres lutas, é mais fácil ser uma ilha que partilhar. Ainda ontem me querias a teu lado e de repente não querias nada, ou não sabias o que querias, ou sei lá…

A madrugada traz o teu nome, num temporal que não ocorre apenas lá fora, que está dentro de mim. Apetece-me esbofetear-te, insultar-te, tanto como me apetece abraçar-te, beijar-te. É a dualidade do que sinto que me corrói, como se fosses uma moeda de duas faces uma desprezo a outra amo, uma odeio a outra adoro. Nunca poderás entender o que sinto, nunca saberás o mal que causaste. Abomino a tua cobardia, tanto como um dia já admirei a tua coragem. Desprezo-te mas amo-te, pelas mesmas razões. É uma dualidade tudo isto que sinto... Talvez um dia a madrugada me traga paz, talvez um dia a dualidade se dissipe, mas hoje, devora-me lentamente, tanto pensar em ti, tanto amor, tanto querer, e ao mesmo tempo tanta raiva, tanto ódio e nenhum pranto. Quero-te de volta e quero-te longe, mas estar longe em nada me alivia, e estares perto já nem eu sei se queria…

Falavas tanto de confiança, eu confiei nos teus sentimentos, nas tuas intenções, nos planos, nas tuas certezas, na tua força, na tua coragem e determinação. Acreditei que acreditavas em nós. Agora, arrependo-me de ter confiado tanto nas tuas certezas, de ter acreditado tanto no teu desejo de me teres a teu lado, de ficares do meu. E, apesar do que senti, duvido até do que vivemos, e às vezes desejo que tivesse sido apenas uma história de um livro que li e que facilmente se esquece.

Vivo numa dualidade, também eu sou uma moeda de duas faces, uma acredita, outra duvida, uma quer a outra não, uma luta a outra desiste, uma ama a outra odeia, uma adora a outra despreza, uma é raiva a outra é pranto.

É com esta dualidade que eu não sei viver. Por isso é urgente esquecer! Somos como Pedra e Água...





É Urgente!


Os meus sonhos morreram, estou de luto. É urgente deixar de pensar em ti, é urgente apagar as memórias de nós, que o tempo parece não as querer levar, é urgente guardá-las! É urgente matar esta saudade doentia, é urgente deixar de te amar.

Não sei se saberei viver suspensa na memória do que fomos, do que éramos, agarrada a um tempo que apenas foi meu, que nunca foi verdadeiramente nosso. Hoje não imagino que um dia outro homem me possa tocar sem que eu pense em ti, hoje duvido que algum dia volte a amar.

Ainda vives na minha pele, ainda habitas a minha cama, o meu ser, o meu pensar. Temo nunca mais ser capaz de acreditar. É urgente esquecer, quem sabe um dia possas ser apenas um doce recordar, mais uma memória. Talvez um dia sejas paz, hoje és guerra!

Hoje estás ainda presente nos pequenos nadas do meu dia a dia. Os momentos aparecem em flash quando menos espero, e assaltam-me a meio da noite, e tento não pensar. O que sinto nem sei se é dor, é de certeza desilusão, ou foi como foi ou eu estava cega e não vi. Ainda não chorei, e talvez precise para lavar a alma, talvez as lágrimas te levem num rio para longe de mim. É urgente que a distância, a ausência ajudem. Quero tanto esquecer-te, continuar, e não sou capaz.
É urgente acabar com pensamentos difusos, contraditórios. Hoje só vejo dualidade no que dizes, fruto da confusão ou da tua cobardia. Não quero pensar o pior de ti, porque assim, teria que acreditar que tinha vivido uma mentira. “The Sky is the limit…” e eu caí a pique.
Mas hoje é urgente salvar-me do abismo, é urgente pensar em mim… mas até quando penso em mim é contigo que adormeço. És ainda quase tudo, roubaste o meu coração, levaste-o contigo, devolvemo-lo!
É urgente reconstruir os meus sonhos, é urgente reerguer-me das cinzas deste fogo que se extinguiu, é urgente, tão urgente esquecer-te. É urgente deixar de procurar o que nunca existiu, por agora, é urgente ESQUECER!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

É saudade...

Os dias irão correr sempre iguais, sem mudanças, na imutabilidade díspar dos dias por viver. Hoje são os pormenores que me assolam a cada instante, coisas da minha cabeça, réstias de um passado recente que me marcou, que ainda vive. Mas, pelo menos por hoje, é sem dor, apenas a saudade, a inequívoca vontade de regresso a um lugar que já não é o nosso, que não é meu.

Um dia parecem anos, uma eternidade que eu não tenho, a vida passa num ápice. Apetece voltar, ficar, partir, morrer, esquecer, viver, fugir…. Há estrada em frente, mais uma coisa para a minha “mochila”… mais uma que carrego. Não é mágoa, apenas saudade.

Incomoda-me a felicidade dos outros, os risos, e aparentemente até estou feliz, escolho viver na fácil aparência do que não sinto, não é a forma certa mas é a melhor maneira quando a alternativa levaria a perguntas às quais não quero responder. Não é inveja, apenas saudade.

Estás no nascer do sol, na brisa da manhã, no vendaval da tarde, na chuva, nas gotas de orvalho, no pôr-do-sol, no cair da noite, nas estrelas, no céu, na lua mas na verdade apenas estás em mim. Na minha pele, nos meus lábios, presente quando fecho os olhos, ausente sempre que os abro. Não é fraqueza é saudade…

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O teu silêncio...













Há silêncios que quase nos matam de tanto querer... querer o verdadeiro silêncio ou a presença inequívoca de alguém, de alguma coisa que nos transcende...

Vem depois o medo de errar, de nos embrenharmos de tal modo nos nossos erros até que não haja nenhuma saída...

E quando não foi... não é um erro, mas sim um desejo que nos cega e precipita para além de tudo e de todos... que dizer então desta loucura sã, deste sentir que se repete vezes sem conta, que se arrasta pelos anos, que consome a vida inteira sem que para tal haja castigo ou perdão?

Que dizer quando nos transporta para além de aqui e agora, para além de nós mesmos, para lá da mera existência e nos transcende...

Trespassa-me sem dor mas repleto de uma saudade quase absurda... que fazer com o que sinto? Que fazer quando tudo o que me resta é aqui e agora e esta memória tão distante e tão presente... só tenho que me perdoar por não poder ser e estar, é presente que me contempla à distância amarga de um futuro que não temos…

Será sempre para sempre assim e nada posso, ou quero, fazer para que este momento seja diferente, não basta a ausência, não chega, nem a morte, nem o fim escrito sobre a areia à beira mar e que se apaga na primeira onda. Não há fim numa história que reescrevo a cada instante e que a memória não esquece... Não há fim numa história que dura há tempo demais, que se escreve nas páginas brancas de um livro ainda por escrever mas que existe em cada um de nós e onde nenhum de nós quer escrever a última e derradeira página…

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ainda sem título... O Final

… noticias que foram chegando espaçadas… Mas desta vez a tua partida tinha deixado atrás de ti um rasto que perdura, um pedaço de ti que me acompanha e me faz recordar-te todos os dias, a todas as horas, a minha única razão de viver, um filho!


A semente de uma vida melhor e diferente, um rejubilar que se ancorou em mim para todo o sempre, a única coisa de que nunca me arrependo. Escrevi-te assim que soube onde estavas e não te contei, não queria que essa fosse a única razão para voltares. Esperei pacientemente noticias tuas que chegavam a conta gotas. O tempo foi passando o verão chegou imponente e com ele Agosto, nasceu o nosso filho.

O tempo passou ele era o rejubilar reluzente a tua cara, os teus olhos azul cinza, o teu sorriso… Renasci das cinzas ganhei uma razão para viver, mas dias havia em que mergulhava na tristeza de já não me sentir mulher apenas mãe. Eras tu, sempre tu a tua memória a castigar-me o dia a dia. Quem poderia amar assim quem não nos ama, e repetia, para mim mesma, razões para parar com essa insensatez, mas eu sentia! Sentia que me amavas de cada vez que te falava, em cada carta, em cada telefonema… tinha ao menos essa certeza e nem me importava que mais parecesse mentira.

Um dia chegaste sem saber o que irias encontrar, nunca te o tinha contado. Perturbou-te saber que tinhas um filho, ficaste magoado por te o ter escondido por tanto tempo, a tua ausência durou mais de 2 anos. Mesmo assim não me pediste explicações, voltaste da mesma forma natural e inabalável, com a mesma certeza com que partiste. Seria eu um porto? O único onde poderias atracar sem perguntas, sempre que quisesses?

Nunca me cansei de ti… só que hoje não sei que te diria se voltasses, queria ter coragem para fechar a porta, não entendo, nunca entendi a razão para que a nossa ligação seja tão forte. Apetece-me seguir em frente, tenho todas as razões para fazê-lo, mas continuo ancorada neste porto, à espera que regresses nem sei bem de onde, que venhas envolto de mistério para me abraçares. Parte de mim quer partir, outra parte anseia ficar…

Amo dois mundos, o que deixas para trás e o que levas contigo e abalroas de cada vez que partes. Esse mesmo mundo que eu mesma reedifico uma e outra vez, numa ânsia tola de que talvez desta vez ele sobreviva.

Hoje se voltares, quando voltares, apetecia-me ter a coragem de fechar definitivamente a porta para poder viver uma outra vida que não esta, mas parte de mim sabe que quase, quase me apetece dizer: Vem e fica!